Depois de identificar a presença de microplástico em pulmões humanos, o grupo de pesquisa do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo (USP), detectou agora a presença de microplástico em cérebro humano. O estudo revelou que das 15 amostras – coletadas na região do bulbo olfatório de pessoas falecidas que viviam na cidade de São Paulo – oito estavam contaminadas por micro resíduos plásticos. A hipótese mais provável é que este material tenha chegado ao cérebro através da respiração, destacando a necessidade de estudos mais aprofundados sobre os efeitos neurotóxicos e implicações para a saúde humana dessa presença do microplástico.
A pesquisa da USP, realizada em parceria com a Universidade Livre de Berlim e apoio da Universidade de Campinas (Unicamp), teve os resultados publicados em artigo científico no Journal of the American Medical Association (JAMA) e divulgada pelo National Institutes of Health (NIH), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos vinculada ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Esta é mais uma sinalização do quanto estamos cada vez mais impactados pela poluição por plástico, o que reforça a necessidade de investimentos em estudos científicos para embasar ações efetivas de governos, empresas e da sociedade civil.
Em linha com esta preocupação, foi lançado em maio de 2024, o e-book “Contaminação por microplásticos em ecossistemas costeiros do Rio de Janeiro: Desafios e Oportunidades”. A publicação é o resultado de uma pesquisa do Instituto Mar Adentro, responsável pelo Projeto Ilhas do Rio, em parceria com a Associação Brasileira de Combate ao Lixo no Mar (ABLM).
O e-book tem o objetivo de contribuir para iniciativas de combate à contaminação por microplásticos na região costeira do Rio de Janeiro, em especial no entorno do Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras). Na publicação, é apresentado um panorama da presença de polímeros plásticos e identificadas as suas potenciais fontes de entrada na região estudada.
Para o Projeto Ilhas do Rio, é preciso, portanto, uma ação coordenada de atores públicos, privados e da sociedade civil para que se enfrente o problema em sua raiz.