Emissário Submarino de Ipanema completa 50 anos: hora de virar a página do esgoto no mar

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A reportagem especial da TV Globo sobre os 50 anos do emissário submarino de Ipanema reacendeu um debate que é central para a saúde do nosso litoral: ainda faz sentido lançar esgoto in natura no mar, em frente à Praia de Ipanema e na área do Hope Spot das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno? O Ilhas do Rio participou da matéria televisiva e entende que é o momento  para reforçar um ponto essencial: este é um problema complexo que não vai encontrar uma solução simples. Exige uma grande mobilização, com esforço de integrar políticas e metas públicas.  

Acesse a reportagem do G1/TV Globo para entender o histórico e os desafios que virão pela frente: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/09/26/emissario-submarino-de-ipanema-completa-50-anos-veja-como-funciona-a-estrutura-que-ainda-gera-debate-ambiental.ghtml 

O emissário de Ipanema lança efluentes na zona costeira que conecta um dos cartões‑postais do Rio ao Hope Spot das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno — um reconhecimento internacional pela importância ecológica, científica e sociocultural dessa área marinha. Os efluentes do esgotamento sanitário e os resíduos sólidos lançados impactam  diretamente a saúde pública, balneabilidade, pesca artesanal, turismo, esportes náuticos e biodiversidade, com efeitos cumulativos e difusos. “Empurrar o problema para longe” não é solução: o oceano devolve o que recebe, seja em perda de qualidade da água, perda de biodiversidade marinha, seja em contaminações biológicas e químicas que atingem a cadeia alimentar e as pessoas.

Gradeamento: avanço necessário, mas insuficiente

A melhoria do gradeamento (as grades que retêm resíduos sólidos antes do lançamento) — citada na reportagem — é uma medida imediata desejável. Ela reduz o lixo visível que chega ao mar e às praias, atenua impactos sobre a fauna marinha e reduz a percepção da população sobre o problema.

Mas é preciso ser claro: o gradeamento não resolve o núcleo do problema. Microplásticos, matéria orgânica, patógenos, nutrientes e uma série de contaminantes dissolvidos continuam passando. Sem tratamento adequado, antes do lançamento, mantemos um ciclo de poluição que degrada a qualidade ambiental e expõe a sociedade a riscos.

Uma solução para um problema complexo

Resolver o impacto atual do emissário de Ipanema e tê-lo em funcionamento pleno, exige uma combinação de engenharia, governança e transparência. O desenho da solução precisa envolver quem vive o mar e quem toma as decisões sobre a cidade. Como afirma Mariana Clauzet, profissional de Advocacy do Ilhas do Rio: “Para encaminhar a solução, será preciso consolidar uma aliança intersetorial, com  diversos atores relevantes — poder público, empresários, organizações da sociedade civil e a população . Não podemos mais , em pleno 2025, seguirmos jogando esgoto in natura no mar, sem nenhum tipo de tratamento primário.  A melhoria e modernização do sistema de gradeamento irá funcionar para  a parte dos resíduos sólidos, mas microplásticos e a contaminação do esgoto seguem passando. Precisamos caminhar para uma solução estrutural, que envolve saneamento básico e metas públicas.

O papel do Ilhas do Rio

Trabalhamos há quase 15 anos na proteção do Hope Spot Ilhas Cagarras e Águas do Entorno, unindo pesquisa, educação, comunicação e advocacy. Aos 50 anos do emissário de Ipanema, temos a oportunidade de transformar um símbolo de controvérsia em referência de solução. É possível, é necessário e é urgente: oceano saudável, praia segura e justiça ambiental caminham juntas quando o direito humano ao saneamento básico é prioridade.

 

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