A equipe de pesquisas sobre os peixes do Projeto Ilhas do Rio começou neste mês de setembro mais uma fase de busca por informações sobre a diversidade, abundância e comportamento das espécies que vivem em águas cariocas. Além do monitoramento de longo prazo no Monumento Natural das Ilhas Cagarras e nas Ilhas Maricás, Tijucas e Rasa, nesta fase os pesquisadores começaram a prospecção de novas áreas onde possivelmente ocorrem agregações reprodutivas de algumas espécies. Estas são áreas de fundo rochoso que não podem ser vistas da superfície, as chamadas lajes. Algumas dessas lajes podem abrigar espécies ameaçadas de extinção numa fase fundamental de suas vidas, que é o período reprodutivo. Por isso, a importância da pesquisa em identificar esses locais para auxiliar os órgãos gestores na tomada de decisão para a proteção de espécies e garantia de uma pesca sustentável na região.
A pesquisa da ictiofauna do Projeto Ilhas do Rio envolve o levantamento e monitoramento de longo prazo da fauna de peixes recifais no Monumento Natural das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno. Utilizando metodologias não destrutivas, o oceanógrafo Dr. Áthila Bertoncini e o biólogo Msc. Augusto Machado identificam as espécies, tanto nativas quanto exóticas, e registram também a abundância desses peixes.
Segundo Áthila Bertoncini, durante o levantamento eles ainda fazem uma testagem comparativa entre duas metodologias de pesquisa: o censo visual dinâmico, já largamente utilizado e reconhecido como método de levantamento da ictiofauna em ambientes recifais, e o censo estacionário utilizando uma câmera remota fixada ao fundo, na qual a câmera gira 360 graus em seu próprio eixo. Essas duas técnicas possuem vantagens específicas e ainda podem funcionar de maneira complementar. Dados são coletados dentro e fora da unidade de conservação, que é o MoNa Cagarras, para investigação adicional da saúde da ictiofauna da região como um todo.
Organismos importantes de outros grupos também são observados nesse levantamento, como a espécie invasora coral-sol (Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea), e a tartaruga-verde (Chelonia mydas). A Ilha Rasa e as Ilhas Maricás e Tijucas, apesar de não fazerem parte da MoNa Cagarras, foram incluídas como pontos de pesquisa pois representam locais importantes de interesse turístico e para a pesca, fazendo parte da área de influência das Águas do Entorno. Com o estudo dessas áreas também é possível fazer um comparativo entre as áreas que estão dentro da unidade de conservação e as que estão fora.