Em eventos prévios ao G20, que foi realizado no Rio de Janeiro, o Projeto Ilhas do Rio participou de iniciativas da sociedade civil voltadas à discussão e preparação de documentos que foram entregues aos líderes da cúpula mundial. Sexta-feira, dia 15 de novembro, o projeto promoveu um painel sobre Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) no Conexão 2030, durante o G20 Social. E sábado, dia 16, ofereceu aos participantes do Oceans 20 Summit, no Museu do Amanhã, uma experiência imersiva com óculos de realidade virtual e um “mergulho” nas águas do Ponto de Esperança das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno.
O Conexão 2030 foi realizado pelo governo do Estado do Rio em parceria com a ONU-Habitat e o GreenNova Hub. Já o G20 Social foi uma iniciativa inédita do governo brasileiro, durante o período em que o país presidiu simbolicamente o bloco das 20 maiores economias do mundo, voltada à ampliação da participação de atores não-governamentais em atividades e processos decisórios do G20. Foram criados 13 grupos de engajamento do G20 social, dentre eles o Oceans20, que trouxe o oceano como foco das discussões.
O painel realizado no Conexão 2030, no Armazém 1 do Boulevard Olímpico, teve como tema as “Áreas Marinhas Protegidas: uma abordagem socioambiental para soluções baseadas no Oceano” e foi mediado pela Dra. Mariana Clauzet, pesquisadora do Departamento de Ciências do Mar na Unifesp e responsável pelas ações de advocacy do Projeto Ilhas do Rio. O Conexão 2030 reuniu no G20 Social diversos atores da sociedade civil, da academia e do poder público para debater estratégias que aceleram a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ilhas do Rio no G20 Social: engajamento pelo oceano
Inserido no debate sobre a conservação do oceano, o Projeto Ilhas do Rio integrou no painel sobre as AMPs importantes parceiros e colaboradores: Augusto Machado, Dr. em oceanografia ambiental e pesquisador do Projeto Ilhas do Rio, Noa Magalhães, Dra. em meio ambiente, Dra. Tatiana Ribeiro, do ICMBio e gestora do MONA Cagarras, e Sabrina Costa, Msc. em práticas de desenvolvimento sustentável.
Na apresentação “Pesquisa científica aplicada à conservação da biodiversidade”, Augusto Machado forneceu resultados de estudos de monitoramento de peixes, de espécies exóticas e do lixo marinho recolhido na região do MONA Cagarras, além de destacar as publicações de artigos com os resultados das pesquisas científicas. Segundo ele, as AMPs geram benefícios ecossistêmicos, como aumento da biomassa e da abundância de espécies.
Com o trabalho de monitoramento de peixes no MONA Cagarras, Machado informou que já foram identificadas mais de 282 espécies de peixes, sendo que 10,3% delas estão em alguma das categorias de ameaça da IUCN. Por isso, as pesquisas ecológicas de longa duração na região são fundamentais para contribuir para a conservação marinha.
Em sua palestra sobre “A importância da escuta social para conservação”, Noa Magalhães tratou da relevância da identificação de impactos socioeconômicos para as comunidades e contou a respeito de trabalhos desenvolvidos para garantir a escuta e a participação social.
As parcerias e o trabalho de conservação marinha
A apresentação de Tatiana Ribeiro teve como tema “A Importância das parcerias para a gestão de unidades de conservação – o caso do Monumento Natural das Ilhas Cagarras”. Ela destacou a parceria entre o órgão gestor do MONA Cagarras, o ICMBio, e o Projeto Ilhas do Rio para o desenvolvimento de ações de conservação marinha das ilhas e de seu entorno.
Lembrando que o MONA Cagarras é a primeira Unidade de Conservação (UC) de proteção integral marinha no município do Rio de Janeiro, Tatiana apresentou informações sobre ações do ICMBio desenvolvidas em conjunto com o Ilhas do Rio para promover, por exemplo, diagnósticos na UC, para a mobilização social, monitoramentos de longo prazo, ações de comunicação e de educação ambiental. Em eventos de mutirões de limpeza no arquipélago, ela também destacou outras parcerias, dentre elas com o AquaRio e com o Projeto Verde Mar.
Na sequência, Sabrina Costa expôs levantamentos e estudos na palestra sobre o “Planejamento Espacial Marinho do Rio de Janeiro visando a agenda 30×30”. Segundo Sabrina, 100% do território marinho do município do Rio de Janeiro é considerado área prioritária, com importância biológica e prioridade de ação extremamente alta. No Estado do Rio, o porcentual é o mesmo. Para ela, o reconhecimento da Aliança Internacional Mission Blue, liderada pela oceanógrafa Dra. Sylvia Earle, das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno como Ponto de Esperança (Hope Spot) é um importante avanço para o trabalho de preservação.
Mergulho na esperança: experiência imersiva
No Museu do Amanhã, o Projeto Ilhas do Rio ofereceu a oportunidade aos participantes do Oceans 20 Summit para uma experiência em realidade virtual com o objetivo de conectá-los à biodiversidade do Hope Spot. Os usuários dos óculos de realidade virtual puderam “mergulhar” com pesquisadores ao assistirem ao vídeo “Um mergulho na Esperança – Ilhas Cagarras e Águas do Entorno”.
No Oceans 20 Summit, foi apresentado o documento final “Oceans20 Comuniqué. Um apelo à liderança do G20” que buscou integrar as questões oceânicas nas discussões globais sobre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. O documento, entregue aos líderes globais no G20, destaca 10 pontos prioritários, dentre eles a necessidade de promover uma economia justa e equitativa para o oceano e de conservar e restaurar ecossistemas e recursos marinhos.