Uma heroína do oceano no Rio de Janeiro

Foto: Áthila Bertoncini / Projeto Ilhas do Rio

O que significa a visita da Dra. Sylvia Earle, fundadora da aliança Mission Blue, ao Rio de Janeiro e o seu primeiro mergulho em águas brasileiras? 

Foi uma passagem rápida, porém intensa e muito produtiva. Além de conhecer mais de perto o Hope Spot das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno, Sylvia participou da Conferência Oceano e Clima, organizada pelo Projeto Ilhas do Rio, e fez seu primeiro mergulho no Brasil. Essa visita da Dra. Sylvia Earle ao Rio de Janeiro inspira toda uma geração de pesquisadores, ambientalistas e tomadores de decisão em defesa do oceano.

Depois da longa viagem desde a costa oeste dos Estados Unidos, “Her Deepness” chegou ao Brasil domingo, dia 23 de julho. No mesmo dia, foi olhar do alto do Pão de Açúcar, um dos ícones da cidade do Rio de Janeiro, a área do Ponto de Esperança das Ilhas Cagarras e Águas do Entorno. Aproveitou para conhecer de perto, na Praia Vermelha, parte do trabalho do Projeto Verde Mar, também embaixador do Ponto de Esperança junto com o Ilhas do Rio, e seus parceiros no Santuário Marinho da Paisagem Carioca.

Na segunda-feira, o dia amanheceu com condições perfeitas. Sol, sem nuvens no céu, mar tranquilo e poucas ondas. Logo pela manhã, a equipe de pesquisadores do Projeto Ilhas do Rio embarcou junto com a Dra. Earle para uma saída de campo pelo Hope Spot. Primeiro, em direção ao corredor migratório das baleias-jubarte, onde foi possível avistar pelo menos dois grupos de baleias em sua trajetória rumo às águas quentes do Nordeste, mais especificamente para sua área de reprodução e cria de filhotes no Banco dos Abrolhos, também um Hope Spot brasileiro. Em seguida, uma parada na Ilha Comprida, no Monumento Natural das Ilhas Cagarras, uma área marinha protegida, para um dos momentos mais esperados: o primeiro mergulho da Dra. Sylvia Earle em águas brasileiras.

Sempre com sua câmera à mão, registrando cada organismo interessante, pequeno ou grande, Dr. Earle estava completamente à vontade debaixo d’água. Com sua roupa com estampas de algas sargassum e criaturas do oceano profundo, se preparou, como fez por milhares de outras vezes, para conhecer um ambiente diferente. E, por mais improvável que parece, a pessoa que possivelmente passou mais horas debaixo d’água no planeta, também pode ter encontros inéditos durante um mergulho. Afinal, se ela nunca mergulhou no Brasil, o encontro com uma espécie endêmica, ou seja, que só existe por aqui, como o coral-cérebro (Mussismilia hispida) é algo único. E foi o que aconteceu logo no início do mergulho. “É interessante ver a rica diversidade de espécies, mas, infelizmente, senti falta dos animais do topo da cadeia alimentar, que são essenciais para a saúde do oceano”, comentou.

De volta à embarcação, enquanto gravava uma entrevista para o programa Fantástico, da TV Globo, um dos mais importantes do país, mais uma surpresa. Atrás dela, uma baleia-franca, rara em águas cariocas, aparece com seu filhote recém-nascido. Foi o primeiro registro deste tipo dentro da área do MONA Cagarras e não precisamos nem dizer o quanto isso é simbólico!

Fora d’água, a passagem da Dra. Sylvia Earle pelo Rio de Janeiro incluiu uma visita à colônia de pescadores artesanais da Praia de Copacabana Z13 para conhecer o trabalho em parceria com o Projeto Ilhas do Rio em busca de melhores práticas para uma pesca de pequena escala sustentável. Ainda a noite esteve participando de um jantar beneficente com representantes de instituições da sociedade civil, do poder público e apoiadores do projeto.

No dia 26 de julho, para finalizar a viagem com muita energia positiva, Dra. Sylvia Earle foi uma das principais palestrantes na Conferência Oceano e Clima organizada pelo Projeto Ilhas do Rio em parceria com o Climate Hub Rio do Columbia Global Centers e a Secretaria de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, e ainda conheceu a Exposição Interativa “A Esperança nas Águas e Ilhas do Rio”.

 

A conferência trouxe foco para o oceano nas discussões sobre soluções para mudanças climáticas. “Buscamos dar ênfase em ações concretas que podem ser tomadas no Brasil para mitigar os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e costeiros. Isso inclui a importância de estabelecer áreas marinhas protegidas, reduzir a poluição marinha e recuperar áreas degradadas. Tais ações são essenciais para diminuir os impactos antropogênicos e aumentar a resiliência dos ecossistemas diante das mudanças climáticas, gerando consequências positivas para a sociedade”, reflete a Dra. Aline Aguiar, coordenadora científica do Projeto Ilhas do Rio. “Ter a Dra. Sylvia Earle conosco nesse evento, além de ser uma grande honra, potencializa muito o alcance da mensagem de proteção do oceano para os governantes e o público em geral”

Em um dos momentos da viagem a Dra. Sylvia Earle afirmou, “O Rio de Janeiro é uma cidade oceânica. É abençoada, claro, pelas montanhas, este grande parque nacional (Parque Nacional da Tijuca), com as montanhas atrás da cidade, mas é também abençoado com as montanhas abaixo do mar. Essas que quando aparecem na superfície nós chamamos de ilhas. E o oceano por si só também. Obviamente, as pessoas amam o mar no Rio de Janeiro. Há muitos mamíferos na praia, jogando vôlei, beach tênis, indo pra dentro da água surfar, nadar. E a ideia de proteger o oceano, que parece uma ideia nova, e de fato é, começou a ganhar força. Conquistamos a habilidade de ir abaixo da superfície e ver as mudanças que estão ocorrendo lá, assim como vemos as mudanças ocorridas em terra, como a perda da saúde dos sistemas naturais. Nós podemos ver, tocar e medir isso em terra e começamos a entender que o mesmo está acontecendo no oceano, com consequências para o clima, para a biodiversidade e, claro, para nós!”

O Rio de Janeiro e o Brasil agradecem a incrível visita da Dra. Sylvia Earle!!!

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